Passadas décadas de sua construção e primeira energização em 1984, a Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional continua sendo, além de um exímio feito de engenharia, uma das maiores hidrelétricas no mundo, ficando atrás apenas da Usina Hidrelétrica Três Gargantas, na China, com 22,4 GW. (7)
Com 20 geradores de 700 MW cada, a hidrelétrica brasileira possui uma potência instalada de 14.000 MW e foi capaz de gerar em 2016, impressionantes, 103.098 GWh de energia (1). A título de proporção, isso supera a soma da demanda elétrica das 97 principais cidades do estado de São Paulo, incluindo sua capital e região metropolitana nesse mesmo ano. (2)
Trata-se de uma fonte geradora crucial para o sistema elétrico brasileiro e, felizmente, de matriz renovável e limpa – já que não envolve queima de combustíveis.
Ainda dentro das fontes renováveis, a energia solar fotovoltaica demonstra um crescimento significativo desde 2018 mesmo com os efeitos econômicos globais do COVID e da guerra entre Rússia e Ucrânia (8), chegando à marca de 14 GW de potência instalada entre geração distribuída (GD) – instalações até 5 MW – e geração centralizada (GC) – usinas acima de 5 MW em Março deste ano (9).
Em primeira análise, como foi destacado por algumas manchetes à época, chegamos à marca de uma Itaipu em energia solar fotovoltaica. Mas há uma nota de rodapé faltando: “de potência instalada e não de capacidade de geração.”
Explico.
Tomando o ano de 2016 como base, a usina de Itaipu foi capaz de produzir, aproximadamente, 104.000 GWh de energia com uma potência instalada de 14.000 MW. Assumindo a fórmula de Fator de Capacidade abaixo, chega-se a um valor 84%. Em outras palavras, seria como se a usina tivesse operado com 84% da sua potência nominal em todas as 8.760 horas do ano.
No caso da geração fotovoltaica, com a tecnologia que temos atualmente, por natureza, ainda não é possível gerar energia no período noturno, o que implica em um Fator de Capacidade, necessariamente, inferior a 50%. Na geração centralizada, esse valor, na prática, não costuma passar dos 35% (4) e, tomando os dados do ONS (3) como base, possui uma média máxima de 26%, no Brasil.
Por simplificação, assumindo esse mesmo valor médio máximo para o Fator de Capacidade para todas as usinas solares de GD e GC no Brasil, a partir dos 14 GW de potência fotovoltaica instalada em todo território nacional seriam produzidos 31.886 GWh de energia.
Dito de outro modo, em termos de energia gerada, seria necessária uma potência solar fotovoltaica instalada de 45,2 GW para obter a mesma geração de energia de uma Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional.
Mantidos o apetite do mercado pela energia solar e o ritmo de avanços na tecnologia de módulos fotovoltaicos, isso é só uma questão de tempo.
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Elaborado por Eng. Alair Junior (@alair.jr)
Sites de referências
- https://www.itaipu.gov.br/energia/geracao
- https://dadosenergeticos.energia.sp.gov.br/Portalcev2/Municipios/ranking/index.html
- http://www.ons.org.br/Paginas/resultados-da-operacao/historico-da-operacao/geracao-fator-capacidade-medios-mensais.aspx
- https://www.epowerbay.com/
- https://canalsolar.com.br/
- https://energes.com.br/fator-de-capacidade/
- https://en.wikipedia.org/wiki/Three_Gorges_Dam
- https://www.absolar.org.br/mercado/infografico/